Eta povinho bunda!

O título deste post era dístico de uma camiseta vendida pela Casseta Popular nos anos 90. A turma da Casseta depois se fundiu (não sei se literalmente) como pessoal do Planeta Diário e, bom, o resto e a Toviassu Produções (produtora do grupo que se formou e acrônimo de Todo Viado é Surdo) são histórias, assim como a camisseta.

De qualquer forma, o dístico, mais do que nunca, continua sendo atualíssimo, na medida em que assistimos - com a mesma azia presidencial mas por outros motivos - o show de horrores que nossos políticos protagonizam diariamente, via imprensa formal e não-marrom.

No mesmo dia em que o presidente da Rés-Pública rasga a Lei de Responsabilidade Fiscal (junto com o plano Real, as duas coisas realmente boas dos oito anos Efeagácê), permitindo que prefeitos refinanciem dívidas com o INSS em 20 anos e - consequentemente - dando acesso às verbas do PAC, num claro movimento de irrigação da campanha presidencial de Dilmão, os nossos preclaros fidaputas congressistas deixaram para o "futuro" a discussão sobre publicar, junto com o balanço do uso, das notas fiscais que consomem uma das mordomias deles, a famigerada verba indenizatória.

Vamos, pois, a uma rápida análise dos fatos:

1) O Efelentífimo disse, textualmente, que é um crime que os atuais prefeitos sejam responsabilizados, pela falta de acesso à verbas federais, pelas dívidas dos antecessores. Bom, são antecessores, mas o ente governamental é só um e - se de alguma maneira - você não penalizar quem deve, ele vai continuar gastando sem se preocupar com a responsabilidade sobre estes gastos. Na prática, para os atuais prefeitos, é isto que está sendo sinalizado: gastem que o resto a gente vê depois. Resumindo, recomeça o círculo vicioso das verbas federais irrigando os currais eleitorais, sem compromisso com este dinjeiro, apenas com a campanha em 2010. Estimativas dão conta do custo desse parcelamento aos cofres públicos: cerca de 14 milhões de reais. Detalhe: ESTE DINHEIRO É SEU!

2) Os fidaputas digníssimos congressistas, capitaneados pelo prócer Michel Temer, resolveram que este não é o melhor momento de discutir se devem ser publicadas as notas fiscais relativas às despesas com a verba indenizatória, que é uma grana (12 pau por mês, 144.000 por ano, vezes 513 fidaputas deputados, total anual de 7,4 milhões de reais) que eles recebem para gastos nos respectivos estados, principalmente alimentação, segurança e transportes.

3) Estas notas fiscais, batendo na câmara, são reembolsadas ao deputado, sem que se cheque a procedência da nota, confiando na (ha ha ha ha) honestidade do fidaputa congressista. Os próprios deputados sabem que existem notas fiscais frias aos montes, mas o tal do Temer preferiu criar uma comissão para avaliar a proposta de transparência. Bom, como se dizia no mercado, se você não quer resolver alguma coisa, crie uma comissão para resolvê-la! Vocês acreditam, em plena e sã consciência, que estes fidaputas deputados, legislando sempre e constatemente em causa própria, vão permitir que você, pobre babacudo, tenha acesso as notas fiscais que comprovariam que vários deles embolsam a Verba Indenizatória com notas fiscais frias de serviços que nunca foram prestados??? Novamente, detalhe sobre esta verba: ESTE DINHEIRO É SEU!

Em todos os casos acima relatados, seus impostos, aquela graninha suada que você vê migrar do seu contracheque pela rúbrica do IR Retido na Fonte e que raramente retorna na devolução do IR, é que está sendo usada para bancar estas iniciativas: dinheiro seu, gasto de maneira indevida, por pessoas que você colocou lá, direta, por voto, ou indiretamente, por omissão no processo político.

Daí, o dístico da camiseta, com certeza, é mais atual do que nunca. Tem a ver com aquele blá-blá-bla que a gente apresentou aqui, no ano passado, por ocasião das eleições municipais véio... Não é mimoso???

Pois é... Este é o peso que a decisão de se omitir do processo político tem. Seja você de direita, esquerda, centro, viado, umbandista, o cacete que for e quiser defender, quando evita discutir e avaliar opções, influenciando o seu entorno social, e mais tarde, cobrando seus eleitos e exigindo dos outros que façam o mesmo, enchendo o saco dos fidaputas congressistas, via e-mail, blog, comentários ou o cacete que seja, é nisso que dá.

E aí? Já começou a se sentir um corno???

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